Exposições - Japão a Cru

by - julho 28, 2016

Olá a todos.

No seguimento do vídeo sobre a Festa do Japão, queríamos falar-vos mais sobre a cultura japonesa. Por isso, lembrámo-nos de vos falar de uma exposição que visitámos em 2014 no Mude (Museu do Design e da Moda, em Lisboa) chamada “Japão a Cru / Boro: o tecido da vida / Puras formas”.

(Imagem promocional da exposição, propriedade do Mude)

Boro: O tecido da vida
Nesta exposição eram exibidas 54 peças, entre elas quimonos, bolsas e tatamis, todas elas elaboradas pelo método Boro.

Em japonês, “Boro” significa farrapo. A técnica consistia em cozer pedaços de algodão (trapos ou farrapos) uns aos outros e depois tingi-los de indigo. As peças ganhavam, por isso, uma personalidade única, já que não existiam dois quimonos iguais.

(Fotografia por jessandrose)

O boro nasceu na região de Tohoku, no norte do Japão. Tohoku era uma região onde a extrema pobreza era predominante durante o período Edo (1603 a 1868). O norte era frio demais para o cultivo de algodão ou seda, e as plantações mais próximas ficavam a mais de 300 km de distância.

No Inverno, com temperaturas gélidas, a roupa, tal como a comida, fazia a diferença entre a vida ou a morte. A solução encontrada pela população foi de tecer roupa com cânhamo. As peças eram quase todas tingidas de azul porque a tinta do indigo servia como repelente para os insetos. Todas as peças eram feitas de fibras de cânhamo, formando uma malha aberta, leve e arejada para o verão, mas que não permitia aguentar o Inverno.

Só em 1892 é que o algodão chegou à região de Tohoku, chegando na forma de retalhos e restos, que se tornaram num dos bens mais cobiçados da altura.

O algodão era costurado por cima das camadas rasgadas, tornado a roupa mais grossa e resistente. Todo o tecido que sobrava era guardado pelos fazendeiros, para ser aproveitado novamente. Quando o aproveitamento dos farrapos deixava de ser possível, eles eram queimados lentamente, actuando como repelente de mosquitos.

O boro transmite uma mensagem de preservação, artesanato, relação do homem com a natureza e do talento que conseguiu transformar resguardo em arte.

(Fotografia por jessandrose)

Puras Formas
A exposição era constituida por 200 objectos ligados à vida quotidiana do Japão entre 1910 e 1960. As peças incluiam utensílios de cozinha, electrodomísticos, mobiliário e brinquedos e eram todas fabricadas em alumínio.

No início da II Guerra Mundial, as matérias primas esgotaram-se rápidamente, tendo o alumínio sido o material eleito para a construção de aviões de guerra, armas e navios. Sendo um material fácilmente trabalhavel, era reciclado e transformado nos mais diferentes objectos.

As peças presentes na exposição terão sido desenhadas por designeres anónimos e fabricadas por artesãos locais, nas suas oficinas. Estes objectos eram muitas vezes esmaltados, sendo que, na exposição, os objectos não têm decoração nem pintura, numa tentativa de evidenciar as suas funções.

(Fotografia por jessandrose)

E este foi o resultado da nossa visita ao Mude e a ambas as exposições. Esperamos que tenham gostado tanto como nós.

Até à próxima “viagem” ;)

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Todo o caminho é uma aventura e uma forma de coleccionar momentos ;)

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